sexta-feira, 20 de abril de 2012

Parte 11

20 de abril
13:00

Estamos aqui há quase uma semana, e parece que faz muito mais tempo. Não sei explicar o que anda acontecendo. Eu custei a acreditar que havia algo sobrenatural na ilha, mesmo sabendo que nosso objetivo aqui é exatamente este... É aquela coisa: você quer, e ao mesmo tempo não quer que seja verdade.

Não sei, afinal, se estou feliz ou preocupado com a situação. Acredito que as duas coisas ao mesmo tempo. Coisas estranhas estão acontecendo, e isso é inegável. Os outros acham a mesma coisa. Conversamos um pouco antes de dormir ontem à noite, e chegamos à conclusão de que as coisas não são normais, de que já ultrapassaram os limites da "força do pensamento" ou "auto-sugestão".

Alguns estão mais receosos, enquanto outros estão mais excitados com a experiência. Acreditamos que, se estamos juntos, e se nada de ruim nos aconteceu até agora, é porque estamos seguros. Isso me animou bastante. O apoio desse pessoal é muito fortalecedor para mim.

O que me animou, também, é o fato de que esta noite, finalmente, dormimos tranquilamente. Nada de barulhos estranhos, ou de sonambulismo, ou ainda de sonhos premonitórios. Descansamos muito, e dormimos muito bem. Com certeza o cansaço estava me deixando desanimado, mas agora estou com as baterias carregadas de novo.

Levantamos mais tarde do que o normal, e tomamos um café reforçado. Pedi ao pessoal que me ajudassem com aquela montanha de papeis que recolhemos outro dia, para fins de pesquisa, e que focassem na tal capela que vimos ontem. Ainda falta muita coisa para ver, mas aos poucos a gente deixa isso em dia.

Encontramos coisas muito interessantes a respeito dela. O que não foge ao padrão, pois a cada dia descobrimos mais historias loucas e irreais.

Pode parecer clichê, algum tipo de cena barata retirada de um filme trash antigo, mas a verdade é que estas informações realmente estão nestes papeis velhos e cheirando à mofo, estragados com o tempo. Tudo o que  visitamos estes dias, tudo o que os relatos que estão em nossa pasta afirmam, todas as nossas experiências, e muito mais que isso, podem ser confirmados nestes vários papéis que encontramos fechados em gavetas e esquecidos com o tempo, nestes prédios abandonados.

A capela fora construída pouco tempo depois do presídio ser levantado. Diziam que isto afastaria os espíritos maléficos que assombraram, anteriormente, o local. Talvez tenha dado  um pouco certo, ou não. A questão é que ela funcionou muito bem, sendo preservada fechada na época em que o presídio foi fechado, e reativada quando instalaram aqui o sanatório.

Aqui residiam um padre e duas freiras, que auxiliavam nos serviços da capela. Mais ou menos na época dos registros do diário da enfermeira que via mortos, que eu li outro dia, o padre começou a alegar ver espíritos malignos ao redor da capela.

O tempo foi passando, e ninguém cria nele. As freiras tentavam cuidar para que seus relatos não alarmassem as pessoas, mas de nada adiantou, pois ele ia ficando cada dia mais histérico.

Um certo dia, após fecharem a capela, ele chamou as freiras para uma "reunião". O que resultou desta reunião foi apavorante. No dia seguinte, quando um dos zeladores da ilha foi abrir a capela, encontrou as freiras mortas a facadas e o padre com os pulsos cortados. Provavelmente matara as duas e se suicidara em seguida.

A capela foi fechada, e isto começou a deixar as pessoas desconfortáveis. Depois de tantas mortes, os funcionários começaram a ficar um pouco receosos.

Decerto, após um tempo as coisas começaram a piorar, e os loucos passaram a ser mais sãos que os que cuidavam deles.

 Sinceramente, não sabemos exatamente como e quando este sanatório foi fechado. Tudo o que encontramos até agora só nos mostra que coisas iam acontecendo cada vez mais, mas não descobrimos ainda como tudo terminou. Nem mesmo as pessoas que conhecem a historia local sabem dizer exatamente.

Chegou a hora de visitarmos a tal capela. Quero chegar ainda hoje e ver mais um pouco dessa papelada. Acho que amanhã iremos para a nossa exploração noturna no prédio principal.




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