quarta-feira, 18 de abril de 2012

Parte 9

18 de abril
Continuação...


O CÍRCULO DE MAGIA NEGRA


Reza a lenda local que, quando os primeiros muros foram levantados, para que um presídio de segurança máxima fosse construído, um grupo de pessoas morava aqui. Não eram exatamente nativos, mas sim uma comunidade que se deslocara do restante dos residentes do continente, ou que vieram de longe (não sabem ao certo) e vieram se estabelecer aqui, nesta ilha deserta. Eram homens e mulheres pertencentes a uma seita religiosa, que todos alegam ser magia negra. Claro, na época tudo era bruxaria má para as pessoas, mas os relatores alegam ser de fato magia do mau, com direito e sacrifícios e tudo.


Este grupo era perseguido, e se estabeleceu aqui, formando algum tipo de proteção ou algo semelhante. Todos que ousavam vir para cá morriam antes que pudesse encontrar um morador sequer. Logo, desistiram da busca.


Muito tempo se passou com a ilha totalmente deixada de lado, mas temida por todos. Um dia os franceses vieram, montaram uma pequena colônia de trabalhadores, e colocaram os homens para construir os muros.


Um dia, quando o sol estava se pondo, alguns homens foram caminhar na floresta para fumar, beber e bater papo, quando viram algumas garotas passando pouco adiante deles. Seguiram as moças, mas nada encontraram. As coisas começaram a ficar estranhas.


Começaram a encontrar todas as manhãs, ao redor das construções, fogueiras, restos de plantas diversas e animais mortos. Acharam que era coisa daquelas moças vistas, que estavam se escondendo em algum lugar, e resolveram procurá-las.


Um grupo saiu para a floresta, quando ainda era dia. Metade deles retornou à noite. O mesmo aconteceu dos três dias seguintes. Até que resolveram formar um grupo grande, composto de guardas e dos trabalhadores mais fortes. Mais da metade da colônia estava ali.


Muitos deles foram abatidos misteriosamente. Ninguém via as mortes, elas simplesmente ocorriam. Alguns corpos apenas sumiam. Dizem, até, que alguns pegavam fogo na frente dos companheiros.


Mas eram muitos, e a maioria dos que restavam persistiam. Já era de madrugada, quando ouviram murmúrios, e encontraram uma clareira. Nesta clareira, fogueiras, e pessoas dançando ao redor delas, proferindo palavras irreconhecíveis.


Não se sabe como, mas os colonos destruíram aquele grupo misterioso. Claro, devem ter feito coisas terríveis, mas a história sempre os verá como heróis.


Antes da ultima pessoa morrer (era uma sacerdotisa, dizem) proferiu algumas palavras e disse que aquela ilha seria deles para sempre, pois estava amaldiçoada.


Quem contou tudo isso foi um cara da vila que citei, no continente, que alega ser descendente de um dos homens sobreviventes àquela noite (antes de virmos para cá, um pessoal nosso veio fazer esse monte de pesquisas na região).


Depois desta noite trágica, o lugar nunca mais foi o mesmo. Vozes misteriosas, desaparecimentos, desentendimentos e outras coisas começaram a acontecer. Alguns desistiram do trabalho, e outros persistiram. Ao final das obras, os caras caíram fora da ilha, e sobraram os presos e quem veio para trabalhar na prisão para lidar com esse monte de coisa estranha.


Depois de um tempo, as coisas se acalmaram (um pouco). Até que, um dia, muitos presos apareceram mortos em suas celas, em cenas tragicamente medonhas. Carcereiros e outros funcionários tiveram o mesmo destino. Daí resolveram deixar o lugar e levar a prisão para outro canto. Muitos anos depois, compraram o local e um hospício foi construído.


Claro, não existe nada que comprove estes fatos (é isso que viemos procurar). São historias, mas bem interessantes.


-*-*-*-


Saímos hoje à procura do tal circulo. Andamos horas e horas, passando por riachos e por alguns caminhos de pedras. Mas na maior parte do tempo só encontramos mata.


Paramos para almoçar e descansar um pouco. As 13 horas retomamos a caminhada.


Quando eram 15:30 mais ou menos, encontramos uma espécie de clareira cercada de muitas arvores. O mato rasteiro dominava o terreno, mas, cavando um pouco, descobrimos que haviam pedregulhos por ali. Soltamos clamores de alegria, e passamos a trabalhar no local.


Filmamos tudo, inclusive eu contanto a lenda citada para a câmera, extasiado com o achado. Acredito que tenha ficado sensacional!


Logo depois, o grupo se enfiou dentro da mata próxima, e encontramos alguns restos de madeira podre, um ou outro pote de barro, algumas facas de ferro, e algo que parecia uma carranca pequena, uma estátua, sei la... Filmamos isso também. Foi bem interessante.


Faltava uma hora para escurecer e nem tínhamos nos dado conta. Achei prudente voltarmos. Agora, que sabíamos a direção a ser seguida, foi bem mais rápido retornar. No caminho, jurei ter visto novamente vultos humanos ao nosso redor, mas, como ninguém mais viu, acho que foi minha imaginação. Acho que fiquei emocionado com a lenda.


Nada de ruim nos aconteceu, de qualquer forma! ufa! haha. Chegamos em nossas acomodações com o sol avermelhando a paisagem.


Agora estamos descansando. Espero que a noite seja tranquila. Amanhã só saio daqui a hora que meu corpo estiver recarregado. Amanhã contaremos a  história das mortes na prisão, logo, acredito que não tenhamos que andar demais, ainda bem! Boa noite.











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