sábado, 21 de abril de 2012

Parte 15

21 de abril
22:00

Faz mais ou menos duas horas desde que começamos. Renan e eu seguimos pelo corredor da direita, e ele parece não ter fim. Entramos em várias salas, e todas elas parecem iguais. Pilhas de papéis empoeirados, uma mesa de madeira ao centro e algumas estantes, nada muito além. 
Em uma das salas, porém, encontrei uma boneca velha sentada na poltrona. Tinha o tamanho de uma criança de dois anos, cabelos embaraçados e um vestido puído. Tive a impressão de que seus olhos vidrados nos seguiam enquanto nos movimentávamos procurando por algo naquela sala escura e cheirando a umidade. Não gostei de sensação, de forma que pedi a Renan que saíssemos.

Caminhamos mais um pouco pelo corredor. Todo o prédio está muito mal cuidado, mas em algumas partes tudo parece estar mais destruído. O corredor é muito escuro, muito úmido e as paredes estão escuras e descascadas. Em algumas partes dá para ver os tijolos. Achei muito estranho o fato de que não conseguimos ver a lua sequer uma vez, nem ao menos o brilho dela entra pelas frestas das pequenas janelas que ficam acima de nossas cabeças. O céu parece estar limpo, só que muito mais escuro. Sem as lanternas, não conseguiríamos enxergar nada.

Caminhamos com cuidado para não esbarrarmos em nada. Renan carrega uma câmera portátil, e eu um aparelho que trouxemos para leitura de voz. Tudo está silencioso, exceto pelos nossos passos, e por outros que começamos a ouvir meia hora atrás, depois que saímos da tal sala da boneca. 
No começo achei que eram os ecos de nossos próprios passos, mas agora percebemos que parece haver uma terceira pessoa conosco. Estamos ouvindo claramente, mas não vemos nada, absolutamente nada se movendo, além de nossas sombras se projetando na luz das lanternas.

Agora estamos sentados dentro de uma das salas gêmeas deste corredor. Todas se encontram do lado esquerdo, uma vez que o lado direito tem uma parede que separa o corredor do lado de fora. Tentar olhar por uma das janelas, mas estão muito altas. Estamos andando vagarosamente e nos demorando dentro dos aposentos, mas mesmo assim tenho a impressão de que este corredor é muito maior do que o mapa descreve, e também do que podemos ver do lado de fora. É uma sensação alucinante.

Depois de conversarmos sobre isso, Renan e eu resolvemos voltar. Não sabemos quanto tempo ainda demoraremos para chegarmos ao fim, e nem sequer sabemos o que tem lá. Deve haver alguma sala igual a todas as outras.

Quanto a aparições, não vimos, ouvimos ou sentimos nada, com exceção dos passos que ainda nos perseguem...






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