domingo, 15 de abril de 2012

Parte 4



15 de abril
17:40

Hoje o dia começou agitado. Todos levantamos cedo, tomamos café e nos aprontamos para a primeira exploração da ilha. Estávamos levando equipamentos de filmagem para fazer uma introdução da série. Quando já estávamos a certa distancia de nossa residência temporária, ouvimos trovões. Achamos estranho, pois o céu estava limpo. Pensamos que podia ser uma arvore caindo, sei lá. Cinco minutos depois outro, mais forte, e do nada o céu começou a enegrecer. Mal deu tempo de encontrarmos um abrigo e gotas grossas e pesadas começaram a cair em cima de nós. Entramos correndo em uma pequena caverna. Nem era uma caverna, parecia mais uma cavidade feita na terra, ao pé de um morro. Não estávamos tão preocupados em pegar chuva, mas sim com nossos equipamentos. Ficamos todos lá, vendo o céu escurecer cada vez mais, e a chuva tomar dimensões quase diluvianas. As arvores dançaram freneticamente com o vento, enquanto a floresta ecoava seus assovios de forma assustadora, como uma sinfonia fantasmagórica.

Pensei que aquilo seria muito interessante como introdução do documentário, e pedi ao Marcelo que filmasse aquela bagunça com a câmera portátil. Depois veremos a filmagem.

Ficamos observando este teatro chuvoso por mais ou menos duas horas. Quando o céu começou a limpar novamente, e o que víamos da chuva eram apenas os respingos provenientes das arvores, ainda balançando com o vento, resolvemos sair. Pensamos por um momento em continuar nossa expedição, mas o chão estava totalmente enlameado e escorregadio, o que poderia provocar um acidente (ou no mínimo boas risadas). Além do mais, estava perto da hora do almoço, e eu já estava com fome (a melhor desculpa de todas para voltar). Sendo assim, voltamos para casa e fomos preparar o rango.


Após o almoço, palitei os dentes na varanda, enquanto apreciava um cigarro. Minha digestão não é a mesma sem meu cigarro habitual. O pessoal estava lá dentro, alguns caindo de sono, querendo tirar a soneca da tarde, outros jogando conversa fora. Eu estava olhando para o mato, que ainda estava úmido, cheirando a terra molhada, embora o sol já estivesse de fora novamente, e com toda a força. Em um relance me pareceu ter visto o vulto passando. Não o vulto de um animal qualquer, mas de uma pessoa. Foi rápido, mas eu jurava ter visto suas pernas, seus braços, e seu caminhar rápido de uma arvore a outra. Poderia ate jurar que a sombra olhou para mim. Voltei para dentro e todos estavam lá. Pelo que eu saiba só estamos nós nesta ilha. Fiquei preocupado, quem sabe podiam ser salteadores. Embora a costa, no continente, fosse bem monitorada, não permitindo a ida de qualquer um para qualquer lugar que fosse, ainda mais para as ilhas, achei melhor verificar.


Caminhei por pelo menos uma hora, sem me dar conta. Não encontrei ser humano algum, mas descobri uma beleza natural muito peculiar e atraente. Muitos pássaros, macacos e pequenos roedores. O rio tinha agua cristalina, e havia uma diversidade de peixes. Seria interessante organizar uma pescaria. Quando voltei, comentei isso com o pessoal, e faremos isso, mas primeiro temos que começar a gravar. Jajá começaremos a nos atrasar.

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