15 de abril
17:40
Hoje o dia começou agitado.
Todos levantamos cedo, tomamos café e nos aprontamos para a primeira exploração
da ilha. Estávamos levando equipamentos de filmagem para fazer uma introdução da
série. Quando já estávamos a certa distancia de nossa residência temporária,
ouvimos trovões. Achamos estranho, pois o céu estava limpo. Pensamos que podia
ser uma arvore caindo, sei lá. Cinco minutos depois outro, mais forte, e do
nada o céu começou a enegrecer. Mal deu tempo de encontrarmos um abrigo e gotas
grossas e pesadas começaram a cair em cima de nós. Entramos correndo em uma
pequena caverna. Nem era uma caverna, parecia mais uma cavidade feita na terra,
ao pé de um morro. Não estávamos tão preocupados em pegar chuva, mas sim com
nossos equipamentos. Ficamos todos lá, vendo o céu escurecer cada vez mais, e a
chuva tomar dimensões quase diluvianas. As arvores dançaram freneticamente com
o vento, enquanto a floresta ecoava seus assovios de forma assustadora, como
uma sinfonia fantasmagórica.
Pensei que aquilo seria muito interessante como introdução do documentário, e pedi ao Marcelo que filmasse aquela bagunça com a câmera portátil. Depois veremos a filmagem.
Ficamos observando este teatro
chuvoso por mais ou menos duas horas. Quando o céu começou a limpar novamente, e
o que víamos da chuva eram apenas os respingos provenientes das arvores, ainda
balançando com o vento, resolvemos sair. Pensamos por um momento em continuar
nossa expedição, mas o chão estava totalmente enlameado e escorregadio, o que
poderia provocar um acidente (ou no mínimo boas risadas). Além do mais, estava
perto da hora do almoço, e eu já estava com fome (a melhor desculpa de todas para voltar). Sendo assim, voltamos para
casa e fomos preparar o rango.
Após o almoço, palitei os
dentes na varanda, enquanto apreciava um cigarro. Minha digestão não é a mesma
sem meu cigarro habitual. O pessoal estava lá dentro, alguns caindo de sono,
querendo tirar a soneca da tarde, outros jogando conversa fora. Eu estava
olhando para o mato, que ainda estava úmido, cheirando a terra molhada, embora o sol já estivesse de fora
novamente, e com toda a força. Em um relance me pareceu ter visto o vulto
passando. Não o vulto de um animal qualquer, mas de uma pessoa. Foi rápido, mas
eu jurava ter visto suas pernas, seus braços, e seu caminhar rápido de uma arvore
a outra. Poderia ate jurar que a sombra olhou para mim. Voltei para dentro e
todos estavam lá. Pelo que eu saiba só estamos nós nesta ilha. Fiquei
preocupado, quem sabe podiam ser salteadores. Embora a costa, no continente,
fosse bem monitorada, não permitindo a ida de qualquer um para qualquer lugar
que fosse, ainda mais para as ilhas, achei melhor verificar.
Caminhei por pelo menos uma
hora, sem me dar conta. Não encontrei ser humano algum, mas descobri uma beleza
natural muito peculiar e atraente. Muitos pássaros, macacos e pequenos
roedores. O rio tinha agua cristalina, e havia uma diversidade de peixes. Seria
interessante organizar uma pescaria. Quando voltei, comentei isso com o
pessoal, e faremos isso, mas primeiro temos que começar a gravar. Jajá começaremos a nos atrasar.
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