segunda-feira, 16 de abril de 2012

Parte 5



16 de abril
19:30


O dia foi muito produtivo, diferente do primeiro. Exceto pelo fato de que todos ficamos acordados boa parte da noite, sem sono. Deve ser o estranhamento do ambiente, o silêncio ao qual não estamos acostumados, ou o ar puro, diferente do ar da cidade. Luíza parecia realmente sonambula, pois passara na porta de nosso quarto, enquanto batíamos um papo. Ela olhou para dentro e, parecendo não ver ninguém, continuou andando pelo corredor. Foi uma noite agitada. Mesmo assim, levantamos dispostos e animados.

Demos umas voltas pela ilha. Ela não é exatamente grande, de forma que pudemos contorna-la na parte da manhã. Na hora do almoço, montamos nosso acampamento e almoçamos à beira do rio. Pudemos matar um pouco a vontade de pescar, e comemos alguns peixes frescos.



Às duas da tarde focamos nas construções. Como eu disse, estamos hospedados em um dos prédios antigos, mas a ilha possui vários. São pavilhões e mais pavilhões e, também, prédios velhos, quebrados ou tomados pelo mato. De alguns só se vêm os pedaços no chão. Outros estão inteiros, faltando apenas os vidros das janelas. Pudemos visitar a ala administrativa, que fica perto dos dormitórios dos antigos funcionários (carcereiros e outros, na época do presidio, e enfermeiras, médicos, faxineiros, entre outros, na época do hospício), além de cozinha, refeitório e área de convivência para eles, pois, afinal, os caras precisavam respirar. Estes locais não estão tão estragados quanto os prédios onde ficavam os pacientes ou detentos, acredito que pelo fato de que estes eram mais antigos.


No centro do prédio principal (ouvi falar que era onde ficavam os loucos mais violentos e, posteriormente, os presos mais perigosos) há um enorme pátio circular, creio que era onde eles tomavam o banho de sol. Para sair deste pátio só há uma saída: um enorme portão de ferro, hoje já corroído pelo tempo, que produz um ranger horripilante quando é levemente balançado pelo vento. O prédio também não contém saídas (isso se não contarmos as passagens secretas e tuneis escuros que dizem haver por aí).O local é enorme. São diversos prédios. Achamos que não ia dar tanto trabalho, mas acho que teremos que explorar melhor a região.

Na ala administrativa encontramos vários documentos antigos. Me dei a liberdade de pegá-los emprestados. Hoje a noite darei uma olhada neles. Assim que observa-los bem devolvo ao local de origem. Com certeza encontrarei coisas bem interessantes para meu trabalho.Demos uma boa olhada pelas construções, a maioria apenas no lado de fora. 



Estávamos no tal pátio quando começou a escurecer. As coisas ali parecem estranhas. Tive a impressão de que havia gente caminhando nas sacadas dos andares ao redor. A luz do sol movimentava as sombras conforme o poente chegava, e isso com certeza mexeu com minha imaginação. Mas foi uma experiência no mínimo interessante.Com a escuridão em nossos calcanhares, resolvemos nos recolher em nossa residência temporária, que ficava um pouco distante das construções principais, na beira de uma estrada de cascalhos que se principiava nos prédios administrativos principais e levava a alguns aposentos anteriormente utilizados por hospedes e também por funcionários. Estavamos em um dos grandes, provavelmente dividido por funcionários mesmo. Chegamos a casa e nos preparamos para descansar. 


Amanhã iremos levantar cedo e começaremos a explorar as partes de dentro dos prédios principais.

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